Novo método para testar olfato e visão oferece esperança para diagnóstico precoce da doença de Parkinson

Cientistas de Portugal e da Alemanha provaram que uma simples tomografia cerebral pode detectar os primeiros sinais da doença de Parkinson muito antes dos sintomas aparecerem. A ressonância magnética funcional (RMF) pode revelar alterações cerebrais relacionadas ao olfato e à visão. Este é um avanço em direção a um diagnóstico mais rápido e um tratamento mais eficaz.
Uma equipe internacional de pesquisadores, liderada por especialistas da Fundação Champalimaud, em Portugal, descreveu um método inovador para diagnosticar a doença de Parkinson. O estudo utilizou imagens de ressonância magnética funcional (fMRI), que permite a análise da atividade cerebral durante a recepção de estímulos olfativos e visuais. Os resultados foram publicados no Journal of Cerebral Blood Flow and Metabolism .
Já se sabia que pessoas que desenvolvem a doença de Parkinson frequentemente se queixam de um olfato enfraquecido — às vezes até 5 a 10 anos antes do aparecimento dos sintomas típicos, como lentidão de movimentos ou tremores. Uma equipe liderada por Noam Shemesh e Tiago Outeiro decidiu testar se deficiências simultâneas no olfato e na visão poderiam ser um sinal de alerta mais confiável.
- A maioria dos estudos de fMRI em animais se concentra em um sentido. Analisamos dois de uma vez: visão e olfato. É muito raro, enfatiza Shemesh.
Os estudos usaram camundongos geneticamente modificados para produzir a proteína humana alfa-sinucleína. Seus depósitos aparecem no cérebro de pessoas com Parkinson e danificam a área chamada substância negra, responsável pela produção de dopamina.
No estudo, camundongos de nove meses de idade (representando o estágio intermediário da doença) foram expostos a estímulos olfativos e visuais, e suas respostas foram registradas usando uma máquina de ressonância magnética de 9,4 Tesla muito potente. Para efeito de comparação, os hospitais normalmente usam máquinas com potência de até 3 Tesla.
Imagens obtidas por fMRI mostraram que, nos cérebros de camundongos saudáveis, as respostas aos estímulos eram claras, enquanto em camundongos com doença de Parkinson a atividade nas mesmas áreas era significativamente enfraquecida.
Para garantir que o declínio na atividade fosse devido à doença e não apenas a diferenças no fluxo sanguíneo, os pesquisadores usaram métodos adicionais. Entre outras coisas, eles examinaram: a presença da proteína C-FOS, que é um marcador de ativação neuronal.
“Os neurônios do rato simplesmente dispararam com menos frequência”, concluiu Shemesh.
Segundo os autores, esta é a primeira vez que deficiências sensoriais em dois sentidos foram documentadas com tanta precisão simultaneamente em um modelo animal da doença de Parkinson.
- Se notarmos mudanças semelhantes em pessoas com deterioração do olfato e da visão, pode ser o primeiro sinal da doença - explica Shemesh.
Outeiro acrescenta:
- É um método realmente não invasivo e fácil de realizar. Ele pode enriquecer nossas ferramentas de diagnóstico do Parkinson, o que é muito necessário atualmente.
Segundo os cientistas, suas pesquisas mostram que estamos nos aproximando do ponto em que será possível diagnosticar o Parkinson em um estágio muito precoce.
- Este é apenas o começo, mas dá esperança de que, com o tempo, seremos capazes de encontrar terapias mais eficazes se agirmos cedo o suficiente - conclui Shemesh.
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