Psicologia. Como se aceitar em traje de banho?

Usar um maiô significa se mostrar como você é, com menos filtros e menos rotas de fuga. "Os maiôs despojam a armadura social", observa Christian Richomme. "Eles reduzem a distância de segurança que as roupas do dia a dia nos oferecem." É aí que complexos, feridas narcisistas e inseguranças costumam vir à tona.

Nosso corpo se torna então o espelho da nossa história. "Ele conta sobre uma origem social, um histórico médico, uma gravidez, cicatrizes, idade... É uma herança que demonstramos sem que sempre a tenhamos escolhido", continua.

O peso do olhar e da comparação

Em um mundo saturado de imagens idealizadas — corpos bronzeados, musculosos e lisinhos exibidos em revistas e redes sociais, retocados e filtrados ao extremo — está se tornando difícil não nos compararmos. E, acima de tudo, não nos identificarmos com um ideal impossível.

Mas "é bom lembrar que os corpos 'insta' são roteirizados, filtrados. A realidade é muito mais diversa. Outros também têm suas dúvidas, suas falhas, suas histórias", lembra a psicoterapeuta.

Para se aceitar com sucesso em trajes de banho, o trabalho deve começar bem antes da praia. Christian Richomme recomenda um exercício simples aos seus pacientes.

"Reserve um momento em frente ao espelho, em casa, de maiô. Não para procurar defeitos, mas para se olhar com delicadeza. Não para verificar se você está 'bebível', mas para entender sua imagem sem julgamentos, para também identificar suas qualidades, suas particularidades."

Não se trata apenas de "experimentar o maiô", "mas de passar pelo menos uma hora em casa com essa peça" .

Divirta-se acima de tudo

Também é importante lembrar que o motivo de ir à praia ou à piscina não é "fazer um desfile de moda, mas sim aproveitar a água, o sol, o pôr do sol", insiste a psicoterapeuta. Seria uma pena estragar esses momentos simples de bem-estar.

Fonte: entrevista com Christian Richomme, psicanalista em Paris