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Bloqueio deixa grávidas de Gaza desnutridas e em perigo

Bloqueio deixa grávidas de Gaza desnutridas e em perigo

Como a maioria das mulheres que vão ao hospital da Cidade de Gaza para acompanhamento da gravidez, o rosto de Fátima Arafa parece cansado, um sinal da desnutrição que sofre devido à escassez em tempos de guerra.

A falta de tudo, desde alimentos até água potável, afetou especialmente as grávidas da Faixa de Gaza, onde Israel apenas aliviou ligeiramente seu bloqueio à entrada de ajuda humanitária.

“Estou no sexto mês e não consigo suprir nem as necessidades mínimas básicas para levar essa gravidez até o fim”, afirmou Arafa à AFP antes de voltar ao campo improvisado onde ela e sua família encontraram refúgio após serem deslocados de sua casa no norte.

“O doutor Said vai me fazer uma transfusão de sangue porque não há alimentos, e quando quero comer ou comprar comida, não posso porque não há nada para comer”, disse a mulher de 34 anos, com o rosto magro e pálido.

A organização humanitária Médicos Sem Fronteiras (MSF) declarou que suas equipes em Gaza testemunham “um aumento brusco e sem precedentes da desnutrição aguda” e que o número de casos em sua clínica na Cidade de Gaza quase quadruplicou nos últimos dois meses.

“Devido à desnutrição generalizada entre mulheres grávidas e à escassez de água e saneamento, muitos bebês nascem prematuramente. Nossa unidade de cuidados intensivos neonatais está extremamente lotada, com quatro ou cinco bebês compartilhando uma única incubadora”, explicou Joanne Perry, médica da MSF em Gaza.

Fathi al Dahdouh, obstetra do Hospital Al Helou, onde Arafa faz seus exames, afirmou à AFP que os abortos espontâneos dispararam desde o início da guerra, em outubro de 2023.

“Há entre oito e nove abortos por dia [na Cidade de Gaza], e não sabemos se isso se deve aos efeitos da guerra e dos materiais explosivos ou à falta de nutrição e imunidade”, disse ele.

– Esgotamento –

Dahdouh indicou que a guerra é especialmente dura para mulheres grávidas e aquelas que deram à luz recentemente.

O Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) advertiu em maio que 17 mil mulheres grávidas e lactantes em Gaza precisariam de tratamento para desnutrição aguda nos próximos 11 meses.

O alerta foi emitido no momento em que Israel impôs um bloqueio à ajuda para Gaza com a esperança de forçar o Hamas a se render, permitindo apenas que a ajuda voltasse a entrar em pequenas quantidades no final de maio.

“Elas chegam aqui com pressão baixa, fraqueza, fadiga e esgotamento devido à situação do país e à falta de nutrição”, declarou Dahdouh à AFP.

Para Arafa, o simples fato de comparecer às consultas médicas já é um desafio.

A área ao redor do hospital Al Helou está relativamente intacta, mas a escassez de combustível obriga Arafa a ir e voltar a pé de seu campo, sob um calor escaldante.

Uma vez em seu abrigo – uma casa danificada com lonas de plástico fazendo as vezes de paredes – Fátima, seu marido Zahdi e seus quatro filhos compartilham uma refeição fornecida por uma organização beneficente.

Um ensopado de macarrão com lentilhas, os únicos alimentos disponíveis para a maioria das pessoas em Gaza, preparado em uma fogueira acesa no chão da casa, por falta de gás de cozinha.

As agências da ONU e organizações humanitárias afirmam que o volume de ajuda que chega a Gaza continua insuficiente e que os profissionais de saúde trabalham em condições terríveis.

O ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra, causou a morte de 1.219 pessoas, em sua maioria civis, segundo um levantamento da AFP com base em dados israelenses.

Pelo menos 57.762 palestinos, também em sua maioria civis, morreram em decorrência da ofensiva israelense em resposta ao ataque, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, território governado pelo Hamas.

vid-lba/acc/phz/kir/hgs/am

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